Quantos segredos guarda uma cozinha! Criatividade, talento, mãos dedicadas, perfume de especiarias. Invenções doces e salgadas, guardadas em cadernos de família, autores cujos nomes se perdem no tempo. Mas uma boa pesquisa pode trazer de volta histórias saborosas.
É o caso de um docinho genuinamente brasileiro: o nosso tradicional brigadeiro. Gostar, todo mundo gosta. Mas poucos sabem a origem dessa delícia.
A história de sucesso do brigadeiro começou no Rio de Janeiro há exatos 72 anos. E não foi nenhuma vovozinha que enrolou o primeiro docinho para festa de aniversário do neto, não. Por mais estranho que possa parecer, tudo começou por causa de uma campanha política.
Em dezembro de 1945, o Rio de Janeiro era a capital federal. Senhoras elegantes desfilavam de chapéu. Francisco Alves e Aracy de Almeida eram as estrelas do rádio. A Segunda Guerra Mundial tinha acabado e os pracinhas estavam de volta. O Brasil vivia um processo de redemocratização com eleições presidenciais. O candidato da União Democrática Nacional (UDN) era o brigadeiro Eduardo Gomes.
Os comitês de senhoras da sociedade que apoiavam a campanha do brigadeiro promoviam reuniões requintadas: chás da tarde, com doces variados e outras guloseimas. Dona Heloisa Nabuco de Oliveira, doceira de mão cheia, certa feita apareceu com uma novidade: um docinho preparado com leite condensado e chocolate. Quem lembra é a filha dela.
“Quando aconteceu um dos chás que ela ia que o comitê de senhoras se reuniu, ela levou esse doce e deu o nome de brigadeiro, para homenageá-lo. E daí foi esse sucesso que a gente não entendeu. E foi uma surpresa, porque ela fazia doces muito mais elaborados, mas foi esse que estourou”, conta Ida Nabuco de Oliveira.
O brigadeiro, candidato, perdeu a eleição. Quem ganhou mesmo foi o brigadeiro, o doce, que conquistou o Brasil inteiro. Na família de dona Heloisa, até hoje os herdeiros repetem a receita na perfeição. Moderninho ou tradicional, o brigadeiro é o queridinho nacional.
Fonte: http://g1.globo.com/