Afinal, o que é comer bem? Com tanta discussão acerca do que é comida de verdade e do que seria um cardápio ideal, a resposta para essa pergunta reside no equilíbrio. Não existe perfeição para nada e com a alimentação não seria diferente. De fato, é preciso prestar atenção ao que se come, mas idealizar o que vai no prato pode ser frustrante e tirar a satisfação de se aproveitar uma boa refeição.
“Comer bem passa pela ideia de alimentação equilibrada que, por sua vez, refere-se à diversificação de alimentos, fundamentada em um padrão de alimentação capaz de proporcionar elementos chave para manter o bom estado de saúde, as funções vitais do organismo, como o crescimento, o desenvolvimento e a qualidade de vida”, explica Clarissa Hiwatashi Fujiwara, nutricionista, coordenadora de Nutrição da Liga de Obesidade Infantil do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Nesse quebra-cabeça em que a comida é a peça fundamental, outro item precisa entrar na construção do mosaico: a realidade. Com o dia a dia corrido, as pessoas acabam recorrendo a produtos industrializados, como “salsicha, salgadinhos de pacote, refresco em pó, temperos prontos, macarrão instantâneo, achocolatados, biscoitos, sorvete, entre outros”, elenca Sonia Trecco, nutricionista chefe do Serviço de Atendimento Ambulatorial da Divisão de Nutrição e Dietética do Instituto Central do HC-FMUSP.
É importante ressaltar que, dentro do grupo de alimentos industrializados, há os processados que são produzidos, basicamente, com a adição de açúcar e sal e passam por processos como cozimento, fermentação, secagem e defumação; já para os ultraprocessados, essa lista é acrescida de gorduras, proteínas de soja e do leite, extratos de carne, conservantes e corantes artificiais. “Penso que nada pode ser exagerado, com muito rigor. O ideal é ter o hábito de fazer uma refeição mais saudável no cotidiano e nos permitir comer os alimentos ‘menos saudáveis’ em um final de semana ou em uma festa, com o bom senso de não exagerar”, afirma Trecco.
Embora o cenário perfeito seja comer esses itens só aos fins de semana, a rotina dita outra regra e pode dificultar o acesso à alimentação de qualidade. Os dados do Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), divulgados em 2018, evidenciam que 60% dos adolescentes acompanhados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) consomem alimentos industrializados, por exemplo, o que é preocupante.
Trecco defende que tudo seja consumido com moderação, mas destaca que comida de verdade “não é a industrializada. São as frutas, verduras, legumes, arroz, feijão, carnes, ovos, pescados, ou seja, produzidas pelos agropecuaristas, granjas e mercado pesqueiro”.
Fonte: https://www.uol.com.br/